Você já se perguntou por que dois alunos que acertam o mesmo número de questões no ENEM podem receber notas bem diferentes? Essa aparente contradição ocorre devido ao modelo de correção adotado pelo Exame Nacional do Ensino Médio, baseado na Teoria de Resposta ao Item (TRI). Neste post, vou explicar como funciona essa metodologia e como ela impacta diretamente as notas dos candidatos.
O Que é a Teoria de Resposta ao Item (TRI)?
A TRI é uma metodologia estatística utilizada para avaliar não apenas o número de acertos de um candidato, mas também a dificuldade e a discriminação de cada questão. Ao contrário de um modelo de correção tradicional, onde todas as questões têm o mesmo peso, a TRI analisa a probabilidade de um candidato acertar uma questão específica considerando seu padrão de respostas em relação a todos os outros candidatos.
Isso significa que, além de acertar ou errar, o sistema avalia quais questões foram acertadas. Questões mais difíceis — que poucos candidatos acertam — podem ter um impacto maior ou menor na nota do que questões mais fáceis, dependendo da sua nota calculada. Assim, dois alunos que acertam o mesmo número de questões, mas acertam questões de diferentes níveis de dificuldade, podem ter notas finais bastante distintas.
Explorando os Padrões de Resposta
Para ilustrar esse efeito, desenvolvemos um programa capaz de identificar padrões de respostas que resultam em pontuações extremas. Em nossos testes, observamos que dois alunos com o mesmo número de acertos, como 25, podem ter uma diferença de até 114 pontos na nota final na prova de matemática do ENEM 2023. Essa discrepância ocorre devido ao tipo de questões que cada aluno acertou — e não apenas à quantidade total de acertos. Veja o vídeo a seguir.
O Impacto da TRI no ENEM
A utilização da TRI no ENEM busca tornar o processo de avaliação mais justo, mitigando o efeito de chutes de alternativas e eventuais casos de desempate. A TRI também permite que uma nota do ENEM possa ser utilizada por mais de um ano no SiSU ou qualquer outro processo seletivo.
Muita gente relata não gostar da TRI. É natural que esse modelo cause certa confusão ou sensação de injustiça para quem não conhece seus fundamentos, mas garanto a vocês que se trata de uma ferramente de avaliação educacional bastante poderosa.
Se você tem interesse em aprender mais sobre TRI, acesse a minha playlist sobre o assunto no YouTube.
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